“O FORTALEZA DE ROGÉRIO CENI APRENDEU A ULTRAPASSAR A CANCELA”!
- ADVÍNCULA NOBRE
- 17 de fev. de 2020
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Festa da Torcida em Buenos Aires - Foto Divulgação
“O FORTALEZA DE ROGÉRIO CENI APRENDEU A ULTRAPASSAR A CANCELA”!
Depois de um longo e tenebroso inverno estamos de volta, isto porque após uma crise de rinite, ainda não totalmente superada e, como diriam os colunistas sociais, depois de após, uma esticadinha em Buenos Aires, voltamos ao batente para continuar esse intercâmbio diário, ou essa troca de ideias, também chamada de interatividade, com a imensa Nação Tricolor, da qual faço parte há mais de seis décadas.
Esse convívio enche-me de orgulho e de ufanismo, pois quem tem uma torcida dessas tem em mãos um tesouro completamente lapidado e de valor incomensurável, razão por que o Fortaleza e um clube abençoado e bem-aventurado.
E foi essa nação que demonstrou a sua força e pujança na Argentina, posto que em presença de público, configura-se como o clube brasileiro que mais colocou torcida visitante nas arquibancadas, nesses poucos mais de 100 (cem) anos de história do futebol sul-americano.
Pusemos na arquibancada, sempre vibrando e empurrando o time e como eles dizem: dando “aliento”, sinônimo de apoio, cerca de 4.500 torcedores, num jogo de primeira fase de Copa Sul-Americana, fato que causou admiração no mundo inteiro.
O Flamengo, indiscutivelmente detentor da maior torcida do Brasil, levou apenas 2.100 adeptos e numa decisão de Copa Sul-Americana contra esse mesmo Independiente, o time mais laureado do futebol do continente. Parabéns Nação Tricolor! O mundo inteiro reconheceu a sua grandeza!
E por falar em Nação Tricolor e em parabéns, não podemos olvidar e deixar de reconhecer os esforços da Diretoria Executiva do Fortaleza que, nesses jogo histórico, o mais importante da sua trajetória de 101 anos, e do próprio futebol cearense, não mediu esforços para prestigiar a sua torcida e o seu quadro de sócios, além de, evidentemente, homenagear a todos os poderes do clube, que estiveram representados nessa importante partida, a maioria dos quais pelos seus presidentes.
Com relação ao quadro de sócios, foram sorteados, pelo menos quatro associados, um de cada gênero, tanto da capital como do interior, que viajaram ao Buenos Aires, às expensas do clube, ou com tudo pago, e foram acomodados em hotéis de primeira categoria e, me arrisco a dizer que são poucos os clubes no Brasil e no mundo que têm esse desvelo e esse apreço pelo seu quadro social.
O torcedor também não ficou de fora e nem foi excluído desse gesto e desse processo de reconhecimento e de deferência, visto que o Tricolor, numa postura incomum, haja vista que nenhum clube do mundo costuma adotar esse posicionamento, mandou buscar os ingressos para que cada torcedor o adquirisse antecipadamente, evitando que viesse a sofrer constrangimentos em terras estranhas. Gol de placa da diretoria.
Quanto ao jogo podemos afirmar que o Fortaleza foi valente e aguerrido como sempre, visto que, na sua primeira experiência oficial internacional, poucos avaliavam e acreditariam que viesse a enfrentar o time mais vitorioso do continente, num mesmo pé de igualdade e até lhe sendo superior tecnicamente numa boa parte do embate.
O Fortaleza não apenas enfrentou o Independiente de igual para igual, como poderia ter construído uma grande vitória, isto se as nossas bolas tivessem entrado, uma vez que faltou apuro e mais capricho no arremate final. Contabilizamos pelos menos três lances capitais em que perdemos gos tidos como feitos, provavelmente por imperícia, ou por falta de volúpia para marcar.
Desses lances o mais difícil foi o do Osvaldo, que fez grande jogada pela esquerda, numa tabela rápida, e concluiu em gol, mas a bola, caprichosamente encobriu o travessão. Teve ainda outra oportunidade de menor nitidez, em que a bola raspou a trave.
No meu ponto de vista, o Osvaldo foi o melhor jogador do Fortaleza na partida. Pena que não teve o fôlego suficiente para permanecer em campo durante os 90 minutos, fazendo com que o time se ressentisse muito da sua ausência.
E isso aconteceu precisamente pela falta de um substituto à altura e com características semelhantes, sofrendo muito ao final da partida, principalmente porque também perdeu a sua referência de velocidade pela direita, vez que o Romarinho também foi substituído em função de problemas de ordem física. O time perdeu os corredores de escape, principalmente pela esquerda e essa é uma carência que precisa ser sanada.
Os outros dois gols estão no rol daqueles que o torcedor costuma dizer que “até a sua avó faria”. O David e o Romarinho perderam as chances de nos dar a vitória frente à frente com o goleiro, o que foi uma pena. O David vacilou por um minuto, indecisão suficiente para que o goleiro se antecipasse e fizesse a defesa.
A perda de gol do Romarinho foi pior, isto porque com a trave à sua disposição, possivelmente bateu na bola com a parte interna traseira do pé, quase de calcanhar, e quem foi boleiro sabe disso, pois já perdi gols assim, concorrendo para que a mesma fosse se oferecer gratuitamente ao goleiro, que se encontrava completamente batido e no canto oposto da trave.
Esperamos que esses dois lances não atrapalhem os nossos planos de progressão na competição e encerro afirmando que o Tricolor, em determinados momentos parecia estar confortavelmente em casa e, se tivesse vencido por um placar mais dilatado não seria anormal, pois foi um time que propôs o jogo durante quase toda à partida.
Não existe placar moral, porém se existisse, o escore deveria ter sido de 3 x 2 para o Tricolor, visto que eles também perderam um gol, numa cabeçada fulminante em que, se a bola tivesse entrado o nosso sonho de passar de fase estaria por demais comprometido. Bendita cabeçada que não entrou!
O que posso afirmar é que, se jogarmos na partida volta com a mesma desenvoltura, garra, raça e e qualidade técnica que apresentamos em Buenos Aires, indubitavelmente estaremos na segunda fase. Não tenham dúvidas de que o Fortaleza de Rogério Ceni “aprendeu a ultrapassar a cancela” estando devidamente preparado para grandes embates.
Por hoje c’est fini.
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