EMPATE HEROICO DO FORTALEZA
- ADVÍNCULA NOBRE
- 25 de fev. de 2019
- 4 min de leitura

EMPATE HEROICO DO FORTALEZA
Fortaleza e Bahia protagonizaram o clássico mais importante e mais eletrizante da Copa do Nordeste de 2019. Arrisco-me a afirmar que um clássico dessa magnitude só ocorrerá se Fortaleza e Bahia decidiram o certame, em não sendo assim, seguramente não teremos outra partida semelhante em raça, entrega e técnica.
O Bahia começou o primeiro tempo dominando territorialmente, porém sem muita objetividade, visto que não me lembro de ter visto o Boeck praticar uma grande defesa, daquela que se diz que foi salvadora da pátria. Foi um ilustre e privilegiado expectador.
O Tricolor optou por jogar nos contra-ataques, possivelmente por não ter alguém que distribuísse as jogadas e ditasse as normas do jogo e, em alguns momentos pecou pela ligação direta, precisamente por não ter alguém com maior capacidade de arquitetar as jogadas ofensivas.
Numa das raras e bem-sucedidas trocas de passe o Júnior Santos entrou na cara do gol e chutou em cima do goleiro, que fez uma grande defesa e no rebote o Ederson, com o gol a sua mercê, chutou novamente forte, mas o goleiro, já recuperado, com as pontas dos dedos e de forma milimétrica, desviou para corner. O lance foi tão rápido que o árbitro não viu o toque do goleiro.
Em que pese reclamarmos um pouco da “ligação direta”, foi num desses lances que o Fortaleza abriu o marcador. A bola foi lançada da defesa para o Júnior Santos, que dividiu com o goleiro, que falhou dantescamente, sobrando limpa para o nosso atacante dominá-la e penetrar livre, com as traves à sua disposição e só não entrou com bola e tudo por consideração ao adversário.
No segundo tempo o cenário continuou o mesmo, até que o Quinteiro se contundiu, sofrendo um corte profundo no pé e nos 3 minutos em que ficou recebendo atendimento na beira do campo o Bahia virou o jogo para 2 x 1, cujos gols, sem tirar o mérito do seu ataque, surgiram em razão de falha e desatenção da defesa.
No primeiro gol, segundos depois do Quintero sair de campo, nenhum dos volantes voltou para a zaga, ensejando que os dois atacantes do Bahia fizessem uma linha de passe no meio da nossa zaga, culminando com o gol do jovem Ramires, que durante toda a partida deu muito trabalho ao nosso setor de marcação, mesmo o Fortaleza atuando com 3 volantes.
No segundo gol, um minuto depois, o centroavante recebeu a bola dentro da área, se enroscando com o Felipe e o Patrick. O Felipe, que fazia o papel de zagueiro, deu um leve toque na bola, por trás do atacante Gilberto, contribuindo para que o mesmo se livrasse facilmente do Patrick, que vinha na cobertura. O revés estava consumado.
Após a marcação do segundo gol o Bahia martelou um pouco mais, contudo começou a reforçar o sistema defensivo recuando e ensejando que o Fortaleza, que até então jogara nos contra-ataques passasse a propor o jogo.
O Fortaleza dominava a partida, encurralando o Bahia, mas similarmente ao que vem ocorrendo nas últimas partidas o gol não saía. No lance mais agudo o Júnior Santos recebeu perto da marca do pênalti e chutou forte indo a bola se chocar no travessão e após mais duas tentativas com o gol aberto, o nosso atacante, que não tinha mais pernas, chutou pela linha de fundo.
O empate surgiu no pau do canto com o Tinga cobrando um corner na cabeça do Quintero. Nesse caso falemos dos dois jogadores: O Tinga me parece recuperado fisicamente, razão por que elogiei o Departamento Físico do Tricolor.
O Quintero foi o nosso melhor jogador e quiçá do jogo, título que disputa com o Ramires, o melhor jogador do time baiano. O nosso zagueiro vem se sobressaindo desde o jogo com o Ferroviário e vem chamando a atenção da imprensa e dos times do Sudeste. Inquestionavelmente um jogador que encarna a garra tricolor. Uma grande contratação.
O nosso sistema defensivo, em termos de miolo de zaga foi muito bem, isto porque os dois gols surgiram de uma fatalidade, combinada com a desatenção da zaga. Quanto aos laterais já nos reportamos sobre o Tinga, contudo, o Carlinhos levou algumas bolas nas costas, problema a ser corrigido, que envolve também os volantes. Fosse o Derley e os dois gols do Bahia não teriam saído com essa facilidade.
Do meio para a frente é nítido que o Fortaleza precisa urgentemente de reforços. Há que ter um meia e um camisa 9. O Júnior foi o melhor jogador no ataque, o Ederson não fez uma boa partida e o Edinho jogou melhor no primeiro tempo.
No segundo, em alguns momentos, ficou fora de sintonia e no último minuto dos acréscimos teve a oportunidade de marcar o gol da virada. Não foi feliz na finalização possibilitando que o goleiro fizesse uma grande defesa. Era a bola do jogo.
Vimos um Fortaleza raçudo, que mesmo sofrendo um revés oriundo de uma fatalidade, ou de um acontecimento fortuito, buscou sempre a vitória. Apesar do empate, que ocorreu contra um time tradicional, na minha ótica foi a melhor partida do Tricolor no ano em curso. Parabéns ao time por esse empate heroico que teve gosto de vitória.
Por hoje c'est fini.
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