MEDALHA QUE ME UFANA!
- ADVÍNCULA NOBRE
- 29 de nov. de 2018
- 3 min de leitura

MEDALHA QUE ME UFANA
A felicidade é o caminho, mas é muito bom quando ela se interpõe na nossa caminhada, chegando de supetão, ou inesperadamente, inundando o nosso coração de alegria, que sobranceia nas nossas faces de tal modo que não podemos ocultá-la.
Isso acontece em alguns momentos importantes das nossas vidas, que ficam para sempre incrustados nas nossas mentes e que são guardados na nossa memória, como num relicário.
Tenho dito que durante 60 anos vi o título brasileiro, perseguido pelo Fortaleza com muita constância e tenacidade, passar ao largo, como se a nossa sorte viesse num cavalo selado que não parou à nossa porta, e que não adiantava persegui-lo porque ele, tal qual uma bólide, corria mais do que nós e velozmente, como se apostasse corrida com o vento.
Vi em 1960, entrando no PV na Hora do Pobre, o Fortaleza perder por 3 x 1 para o Palmeiras e que na segunda partida em São Paulo, também perderia e por um placar dilatado, ficando com o título de vice-campeonato nacional, a maior conquista do futebol cearense de então.
Em 1968, pela última disputa da Taça Brasil, que foi equiparada ao Campeonato Nacional, presenciei o Fortaleza ser derrotado pelo Botafogo, com um timaço, cujos melhores jogadores viriam a se sagrar tricampeões mundiais em 70 e novamente ficar com um vice.
Assim aconteceu pela Série B em 2002 e 2004 e em 2017, na Série C, quando perdemos o título para o CSA. E eu me perguntava depois de tantos vice-campeonatos: Seria um estigma ou uma espécie de complexo de pequenez com o qual temos que conviver à vida inteira e que concorria para essa nossa malfadada sorte?
Neste ano, no mais importante da trajetória do Tricolor de Aço, todos esses complexos foram exorcizados e enfim conquistamos um título nacional, ansiosamente almejado, semelhante a ansiedade da mulher que espera o primeiro filho. E a alegria inundou a minha alma e a alma de todos os tricolores, por fim, bafejados pela sorte.
Hoje a alegria se completou. Fui surpreendido ao receber a medalha do título de Campeão Brasileiro, a original da CBF, honraria com que foram agraciados os presidentes dos Poderes do Fortaleza: Presidente da Executiva, Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e Conselho de Ética e Disciplina.
Fico triste apenas pelo fato de que nem todos os membros dos poderes tricolores podem receber essa medalha tão valiosa em virtude da pouca quantidade, mas me sinto sobremaneira honrado em de certa forma representa-los e de recebe-la, como se fosse um prêmio por todos esses anos em que esse título passou de relance pela minha soleira.
Guardarei esta medalha para o resto da vida, honraria das mais importantes da minha história de vida e de tricolor, que serve como um unguento para um velho coração machucado por algumas perdas, mas que nunca desistiu da luta por dias melhores e por grandes conquistas.

Agraciado por tão elevada honraria sinto-me flutuando no espaço formado entre a realidade e os sonhos, como se flutuasse e levitasse num campo magnético imaginário da felicidade, sensação indescritível que nos ufana e nos enche de orgulho por sermos tricolores e por não desistirmos jamais, especialmente de buscarmos a felicidade.
Tenho muito que agradecer, sobretudo ao Rogério Ceni por ter nos conduzido à essa conquista e ao elenco, a quem, na impossibilidade de citar a todos presto o meu preito de gratidão nas figuras do capitão Marcelo Boeck e do atacante Rodolfo, que assinalou o gol do título.
Acerca da importância da diretoria do Fortaleza, do seu quadro de funcionários e da torcida para a conquista desse título nacional, já me reportei em outras oportunidades, mas não custa lembrar que essa união e conjunção de forças, de trabalho e de ideias resultou No mais importante título da história do Tricolor, o Campeonato Brasileiro da Série B, alcançado pelos esforços de várias mãos.
Obrigado Fortaleza! Obrigado a todos aqueles que foram os artífices dessa alegria infinda. A medalha que ostento no peito é como se fora o meu coração que ora está à mostra e inunda o meu peito de sangue genuinamente tricolor. Obrigado meu Deus!
Por hoje c’est fini.
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