DERROTA COM GOSTO DE SAL AMARGO
- ADVÍNCULA NOBRE
- 29 de jan. de 2018
- 4 min de leitura

O Fortaleza e o Rogério Ceni amargaram a primeira derrota, num jogo que parecia fácil, mas que em decorrência de uma sucessão de erros e da abundância de efeitos complicadores, as falhas se multiplicaram, originando esse tropeço que, de certa forma e pela posição do Horizonte na tabela, pegou a todos de surpresa.
O fato é que o Fortaleza desde 2014 ou em três partidas, não consegue derrotar o Horizonte fora de casa. No ano passado o quadro ainda mais favorável, haja vista que o adversário ostentava a lanterna do certame, com apenas um ponto conquistado e, apesar dessa grande vantagem, o Tricolor amargou a derrota por 1 x 0. Em 2014 o placar foi de 2 x 2; em 2015 não houve jogo em Horizonte e em 2016 não teve confronto em decorrência do Horizonte ter disputado a Série B.
No jogo de ontem o Rogério Ceni tendo o time bem situado na tabela em segundo lugar com nove pontos e podendo assumir a ponta caso triunfasse, inclinou-se por escalar um time misto, objetivando fazer algumas observações e, para tanto, deu folga ás principais peças. Mudou a estrutura tática, passando a atuar sem um atacante de ofício, porém o time não lhe deu em campo a resposta esperada.
Manteve o Marcelo Boeck e alterou a defesa quase por completo, vez que o Diego Jussani permaneceu, mas na posição de quarto zagueiro, poupando o Ligger e fazendo entrar o Murilo. Nas laterais entraram o Felipe, que fez a sua estreia no certame, e o Leonan, que vinha entrando somente no segundo tempo.
Começando a análise pelo miolo da zaga afianço que não gostei, pois, além de falhas individuais e coletivas, o que se viu foi uma zaga muito lenta, em que o Jussani pela esquerda dava a impressão de se encontrar literalmente deslocado e em posição desconfortável, não rendendo o habitual, embora não tenha decepcionado.
O Murilo não me agradou. Muito lento, não casando com o Jussani, que também não tem velocidade. Ressalvo apenas que o estamos analisando a sua atuação em apenas uma partida e que já presenciei muitos jogadores atuarem mal inicialmente e depois se firmarem, casos recentes do Edimar e do próprio Ligger e no passado do Croinha.
Os gols sofridos aconteceram após duas falhas individuais e coletivas. No primeiro o João Henrique e o Leonan não marcaram o lateral com determinação, o qual escapou no meio dos dois e entrando livre pela direita cruzou para o centroavante penetrar nas barbas do Murilo, que não fez a menor pressão e que levantou apenas o pé apenas para constar.
No segundo houve falha e desatenção coletiva. O lateral-esquerdo horizontino cobrou e escanteio e ninguém da defesa cortou a trajetória da bola, especialmente o Murilo, que estava na sua linha, passando-me a impressão de ter se esquivado. O Boeck, meio assustado com a velocidade da bola, numa das poucas falhas que lhe podem ser debitadas, também falhou e assim foi consignado o gol olímpico.
Os laterais Felipe e Leonan deixaram patente, desfazendo qualquer dúvida que pudesse existir, que o Bruno Melo e o Tinga, indiscutivelmente são os titulares. O Felipe em nenhum momento no primeiro tempo foi à linha de fundo e me parecia indolente e o Leonan, de quem eu esperava mais, a despeito de ter apoiado um pouco mais, teve pouca inspiração, não cruzando praticamente nenhuma bola que redundasse em perigo.
O meio de campo, a exceção do Uchoa, não funcionou, visto que o Igor esteve completamente apagado e o João Henrique deslocado para o setor esquerdo não rendeu o suficiente. O Alan Mineiro entrou, colocou uma bola na trave, mas não teve uma atuação de destaque. O Edinho e o Wesley produziram muito pouco. O primeiro fez um belo gol, mas foi só isso, e o segundo não disse a que foi a campo.
O Gérman Pacheco que de acordo com a proposta do Rogério tinha a função de suprir a ausência do atacante de ofício, não foi centroavante e nem meia. O Gustavo entrou, mas pouco pode produzir, tendo em vista que o Tinga não teve tempo e nem oportunidade de fazer os cruzamentos necessários para o seu cabeceio e o meio de campo teve competência para acioná-lo.
O Tinga foi prejudicado pela falta de alguém com predisposição fazer as triangulações que lhe possibilitassem sair da forte marcação horizontina, atribuições que seriam do Felipe, deslocado para o meio e do João Henrique, que não buscou a aproximação.
O time não me agradou e na minha ótica deixou o Rogério ainda mais chio de dúvidas. Eu que costumo cobrar um melhor posicionamento do Pablo, confesso que senti a sua falta, assim como do Alípio, que se não é um jogador de explosão, taticamente tem sido perfeito. Estou ansioso para ver a produtividade no time contra o Tiradentes para aquilatar se, mercê dessa escalação, não houve uma quebra de ritmo.
Pensamento do Dia - É preciso correr riscos. Só entendemos direito o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça. (Paulo Coelho)
Por hoje c’est fini.
Comments