CAMPEONATO DISPUTADO NO LIMITE
- ADVÍNCULA NOBRE
- 12 de jan. de 2018
- 3 min de leitura

O Fortaleza estreará no dia 17 de janeiro, contra o Uniclinic e fará a sua última partida na primeira fase em 18 de fevereiro, contra o Ferroviário, num interstício de 32 dias. Dividindo-se esse número de dias por 9, que serão as partidas que o Tricolor fará no período, teremos que o time jogará a cada três dias e meio, que corresponde a oitenta e quatro horas de intervalo entre uma partida e outra.
Esse assunto tem causado muita discursão e descontentamento por parte do Sindicato dos Atletas Profissionais, que tem buscado no decorrer dos anos conseguir condições mais favoráveis para os atletas, no que concerne ao intervalo mínimo entre as partidas de futebol das diversas competições, procurando preservar a saúde e a integridade física dos seus filiados.
Em 2014 a juíza do trabalho Milena Cosacio Ferreira Beraldo determinou à CBF que o intervalo mínimo entre duas partidas de futebol seria de 72 horas e o descumprimento dessa decisão geraria uma multa de R$. 25.000,00.
A CBF, através do seu Departamento Jurídico, para não cumprir a determinação, alegou que não era responsável pela escalação dos times, tentando desse modo empurrar a responsabilidade para os clubes.
O certo é que a discussão continuou e ficou estabelecido que o intervalo para partidas em cidades diferentes seria de 72 horas e numa mesma cidade de 66 horas.
Em 24 de abril de 2017 a Confederação Brasileira de Futebol e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) assinaram um acordo para regulação do intervalo mínimo entre as partidas de futebol, que passou a ser de 66 horas, agradando à Federação dos Atletas.
Como fruto desse acordo o artigo 25 do Regulamento Geral das Competições, da CBF para 2018 consigna que: Art. 25 - Os clubes e atletas profissionais não poderão, como regra geral, disputar partida em competições sem observar o intervalo mínimo de sessenta e seis (66) horas.
Sobre esse acordo, que passou a valer a partir de 2018, vejamos o que falou o presidente da Fenapaf, Felipe Augusto Leite:
“– É um momento histórico. Estou tendo a honra de assinar esse acordo junto com a CBF. Todas as partidas que envolvem clubes do futebol brasileiro, sejam em estaduais, regionais ou nos campeonatos nacionais, terão que obedecer o intervalo mínimo de 66 horas”.
A verdade é que esse acordo, que já passou a valer a partir das competições do ano em curso, sepulta de vez uma pendência que se arrastavam há anos, cujas regras de vez em quando eram burladas. Ficamos na torcida para que o calendário do futebol brasileiro também passe a vigorar de forma mais racional.
À luz do regulamento pesquisamos para verificar se nesse calendário apertado do Fortaleza existem jogos que não estejam dentro do interstício mínimo de intervalo e identificamos dois em que as diferenças de uma partida para a outra estão quase no limite.
O Fortaleza enfrenta o Iguatu no dia 25 de janeiro, às 20:00h e o Horizonte, fora de casa, no dia 28 às 16:00h. O tempo de uma partida para a outra é de 68 horas, duas horas acima do limite mínimo.
Enfrenta o Floresta no dia 15 de fevereiro às 19 horas e o Ceará, no dia 18, às 16 horas e o intervalo entre essas duas partidas será de 69 horas, ou três a maios do que o limite mínimo.
Esse intervalo acordado parece o ideal, contudo, quando se tratar de competições nacionais, em que as viagens são longas, além do time não ter tempo para treinar, os atletas ainda ficarão muito desgastados, de modo que o racional seria que esse intervalo tivesse sido acertado em 72 horas, razão por que não entendo a alegria demonstrada pelo presidente da Federação dos Atletas.
Outro grande passo para melhorar, inclusive, para a maioria dos atletas, cerca de 22.000, ou 80% dos atletas profissionais inscritos na CBF, seria criar de início, mais uma divisão, a Série E, regionalizada, para que os clubes que funcionam apenas por cerca de três meses tivessem calendário para o ano inteiro, medida que acomodaria e colocaria em atividade o percentual acima evidenciado.
Esse modelo, com diversas divisões, é adotado com muito sucesso na Europa. Resta à CBF passar a trabalhar com mais tenacidade e afinco, pelo futebol brasileiro, dando um paço inicial, que foi dado pela Alemanha no final da década passado e que contribuiu para fortalecer o seu futebol. A CBF, para tanto, tem que passar a ser a “mãe” do futebol brasileiro e não a “madrasta”.
Pensamento do Dia – Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
Por hoje c’est fini
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