FORTALEZA SE CLASSIFICA NO SUFOCO
- ADVÍNCULA NOBRE
- 27 de out. de 2017
- 4 min de leitura

O Fortaleza se classificou para a final da Fares Lopes num jogo de várias alternações de placar. No primeiro tempo tivemos uma partida morna em que os dois times poucos criaram. O Iguatu dentro da sua proposta de jogo, de atuar nos contra-ataques e em cima de erros prováveis e suscetíveis de ocorrer, ainda criou cerca de duas ou três oportunidades de gol.
O Fortaleza, a rigor, criou apenas uma oportunidade, de modo que o primeiro tempo foi tecnicamente dos mais pobres, isto porque o Iguatu, que de certa forma, se apresentava como uma incógnita e o Tricolor, nem de longe, repetia a sua boa atuação do jogo contra o Ceará, em que venceu de 2 x 1, mas poderia ter aplicado ao contender uma sonora goleada, se não fora a inaptidão do ataque em marcar gols, situação que vem sendo recorrente e repetitiva.
No segundo tempo o jogo se modificou um pouco mais, até porque o Fortaleza, objetivando sair da letargia em que se encontrava mergulhado, processou modificações que concorreram, de certa forma, para equilibrar o meio de campo. Saindo Jonathas e entrando Adenilson, ficando dessa forma com dois meias. Posteriormente o Andrey substituiu o Roney e o Jô, cuja saída acredito que tenha sido por cansaço, cedeu o lugar ao Vinícius Baiano.
Por quais motivos o Fortaleza pecou tanto, ao ponto de abrir o placar e de permitir que o Iguatu virasse, para só depois, no finzinho e no sufoco empatar com um gol salvador do Anderson Uchoa? Iniciemos pelo primeiro tempo em que a equipe, no meu ponto de vista, recuou muito, além de apresentar um modelo tático completamente equivocado, como se estivesse jogando com o regulamento na mão, conformando-se com o empate.
A defesa atuava com uma linha de cinco defensores, o que consideramos demasiado, para o enfrentamento com uma equipe do nível do Iguatu. Por essa razão perdeu numericamente o meio de campo para o adversário, que teve liberdade para construir mais jogadas ofensivas, mormente no segundo tempo, quando virou o placar, em que, por um bom período dominou as ações, diante de um Fortaleza que parecia estonteado e que parecia não acreditar no que estava acontecendo.
Inferiorizado numérica e qualitativamente no meio de campo, além de errar muitos passes, o Fortaleza tinha uma grande dificuldade para sair para o ataque, em razão da falta de velocidade e dos excessivos erros de passe. Por outro lado, em razão de atuar com dois atacantes mais abertos, o óbvio seria que o Lúcio Flávio atuasse mais fixo, prendendo a zaga adversária, por sinal muito forte e segura, mas no decorrer de toda a partida isso não aconteceu. O Lúcio Flávio nos deixou a impressão de ter pânico da área.
O lateral esquerdo Adriano cumpria bem o seu papel de marcar e de apoiar o ataque e foi dos seus pés que surgiu a única e perigosa estocada ofensiva do Tricolor, contudo, pelo lado direito o Jefferson fez uma péssima atuação, tanto técnica como tática, constituindo-se no jogador menos produtivo do Fortaleza, pelo fato de quase não ir à linha de fundo e de, ainda por cima, perder algumas bolas que levaram perigo iminente à retaguarda tricolor.
Reclamávamos, na nossa cobertura para o Brasil e para o mundo, do fato de que, da falta de um meia para articular as jogadas com o Ronny, que atuou o tempo todo muito sobrecarregado, tanto é que saiu por cansaço. Entrou o Adenilson, que deu mais equilíbrio ao setor e foi numa jogada trabalhada pela esquerda, com a participação do Adriano, que muito me impressionou, que saiu o seu gol.
O Fortaleza fez um a zero e passou a dormir sobre os louros da vitória, até que, numa falta duvidosa, uma vez que aconteceu o pé alto do defensor tricolor e, consoante a regra é tiro indireto, o árbitro marcou tiro direto. A defesa foi mal posicionada e o Canga cobrou no canto do Max que, ao meu ver falhou, posto que a bola era defensável.
O Iguatu cresceu de produção e marcou o segundo gol que se originou de uma falta inexistente, em mais uma falha da arbitragem que ainda deixaria de assinalar uma penalidade legítima em favor do Tricolor. A defesa mais uma vez patinou, uma vez que, mal colocada, levou mais um gol oriundo de bola parada.
Quandodo tudo se encaminhava para a classificação do time iguatuense, eis que o Anderson Uchoa, o mais improvável dos goleadores, fez o que o Lúcio não foi capaz, chutando de fora da área, para empatar o jogo e sacramentar a classificação tricolor. O Anderson foi o herói da classificação, cujo gol premiou a sua boa atuação.
Para que tenhamos uma ideia da atuação da equipe, apresenta-se como uma tarefa das mais difíceis escolher os seus destaques: O Adriano, que mostrou mais maturidade do que muitos veteranos e que tem um bom futuro pela frente; o Anderson Uchoa, incansável no setor de contenção e o Adalberto, mesmo se complicando em algumas jogadas e o Jô. O Gabriel Pereira não entra nesse rol, porque prende muito a bola ao ponto de complicar e de prejudicar importantes investidas ofensivas.
Entre os que menos se destacaram incluiria o Jefferson, líder do pelotão e todo o ataque, a exceção do Jô, que até sair se configurava como o melhor jogador tricolor. No Iguatu destacaria o setor defensivo e a boa atuação do Paulinho Macaíba. Teve ainda o Michel, que bateu como bem quis e o péssimo árbitro não adotou providências.
Valeu a classificação, mas enquanto analista e esquecendo um pouco o torcedor, diria que a mesma, de certa forma, foi um achado e que o Fortaleza, se pretender conquistar o cetro máximo, tem que jogar bem mais, até porque o Floresta é o time de melhor desempenho na Fares Lopes.
Pensamento do Dia - “A humildade consiste em alegrar-nos com tudo o que nos leva a reconhecer o nosso nada”. (Santo Inácio de Loyola).
Por hoje c’est fini.
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