UM JOGO PARA TIRAR LIÇÕES DE COMO UM TIME NÃO DEVE ATUAR
- ADVÍNCULA NOBRE
- 27 de jun. de 2017
- 4 min de leitura

A sétima rodada do Brasileirão Série C teve o seu término ontem com a partida em que o Fortaleza, fora de casa, foi derrotado pelo CSA, que sempre foi uma pedra no seu sapato, por 1 x 0. Nesta rodada praticamente não houve nenhum resultado que pudesse ser tratado e reputado como anormal, isto porque o Botafogo (PB), que foi o único visitante a sair vitorioso, era tido pelos experts como o favorito para vencer o prélio, com 41,8% de chances, o que efetivamente ocorreu.
O outro resultado que não deu vitória do mandante aconteceu na partida Cuiabá 1 x 1 ASA, em que o Cuiabá que, consoante os matemáticos, era o favorito, tendo 53% de possibilidades de vencer o embate, teve o predomínio, no entanto, do empate, que contava tão somente com 29% de probabilidade de vir a acontecer.
Em que pese o empate o Cuiabá deixou a zona de rebaixamento, mantendo um ponto a mais do que os oponentes, Moto Club e Salgueiro, que agora sustenta a lanterna do grupo. Esse resultado consagrou o Cuiabá como o time que mais empatou no grupo, 6 empates em 7 jogos, que correspondem a um percentual de 85,7%. Não fiz ainda esse estudo, mas acredito que o Cuiabá esteja sendo o time que mais empatou em toda a Série C, ao longo do tempo.
O Remo venceu o Moto Club, nos acréscimos e se manteve na zona de classificação. Foi um jogo muito equilibrado em que o Moto jogou com muita raça, tendo sido injustiçado em termos de resultado. O empate diria com mais propriedade e com mais verossimilidade o que foi o jogo.
O Sampaio obteve um bom resultado ao vencer o Salgueiro, por 1 x 0, contrariando os prognósticos, vez que o time pernambucano era o preferido dos matemáticos para vencer a partida, com 41,8% de probabilidades. O time maranhense contrariou a todos, somou mais três pontos e chegou a onze, estando na quinta posição e coladinho a Remo, o quarto, mas com a mesma pontuação.
Por fim vem a nossa partida, que deixou deveras chateado, não apenas e simplesmente pelo farto do tricolor ter sido derrotado, mas pelas circunstâncias em que surgiu a derrota, que me deixou com uma determinada incerteza acerca da possibilidade de existir “escrita”. Pareceu até coisa do destino, pois o Fortaleza, que tem vantagem sobre o CRB, não consegue vencer o CSA.
Não conseguiu um bom resultado, no entanto, por obra do destino, por uma configuração de astros ou por uma espécie de sortilégio, que o faz amargar uma desvantagem de quatro derrotas nesses confrontos. Não conseguiu um bom resultado pelo fato de não ter apresentado um bom futebol e ter faltado mais ímpeto para buscar a vitória. Alguém diria que faltou a Fortaleza, nesta partida, “sede de vitória”.
O time tentou, é verdade, mormente nos minutos finais do segundo tempo, mas no meu ponto de vista, o fez sem a garra, a raça ou a volúpia para conseguir o resultado. Foi um time apático que me dava a impressão de que não estava incomodado com a derrota e, em função disso, lhe faltou brios, isto porque faltou um comando firme, dentro das quatro linhas que o fizesse atuar de forma mais impetuosa. Diria que foi um time frio.
Deixando de lado as impressões de natureza subjetivas, vamos para a parte tática e técnica, responsável pela derrota, para dizer que houve alguns erros, mas o principal foi a falta de velocidade na saída para o ataque. O time continua jogando com três volantes, mas nenhum dos três têm a rapidez necessária para sair de forma ordenada para os contra-ataques, e isso tem sido muito prejudicial.
Por outro lado, nesta partida, não conseguiu, pelo menos não me lembro que tenha acontecido, articular três trocas de passes com inteligência e eficiência e que tenha arquitetado uma jogada perigosa, que tenha colocado o goleiro do CSA em maus lençóis. O Bonamigo precisa repensar o meio de campo tricolor.
Pecamos por outro lado, por termos uma defesa muito confusa. No gol do CSA o Ligger e mais outro jogador tentaram cabecear a bola sem sucesso, perdendo-se no seu pique. O Pablo, por sua vez, teve a chance de mandar a bola pro mato, já que o jogo era de campeonato, mas ficou olhando o adversário chutar para marcar.
Para completar os desatinos, o Boeck estava desatento, pois, além de ser traído pelo desvio da bola, que resvalou na cabeça do citado jogador, caído, não se mexeu, limitando-se a reclamar de uma irregularidade que, se houve, não foi notada e nem anotada. O resultado é que, como se diz popularmente a defesa “pagou geral”.
Eu estaria mais conformado se o CSA tivesse apresentado um futebol arrasador que o colocasse a anos-luz do Fortaleza. Não apresentou e o Tricolor o Tricolor tivesse jogado com mais convicção, por certo, não estaria lamentando essa derrota que frustrou a todos nós. Mais um pouquinho de empenho e de inteligência e o placar seria outro.
Individualmente não temos a quem destacar, isto porque o time se nivelou em falta de produtividade e o Bonamigo, desta feita, não foi feliz nas substituições. Para começo de conversa fez entrar o Leandro Lima que, consoante a torcida, não tem sangue nas veias não tendo, pois, condições de incendiar a equipe e de fazê-la jogar. Sem jogar nada e mal das pernas, o Adenilson é melhor.
O Pablo que fez uma péssima partida deveria ter sido substituído, contudo, pelo Wellington Dias, que é bom na marcação, além de saber sair jogando. O Hiago, que fez um bom primeiro tempo, no segundo pregou, não conseguiu dominar uma bola. Eu o teria tirado e colocado o Jô no seu lugar. Enfim, se formos procurar erros e desencontros encontraremos muitos.
O que temos é que foi um jogo em que o Fortaleza não se encontrou, uma partida para esquecer, ou por outra, para tirar lições de como um time não deve se portar. O pior de tudo é que não podemos dizer que o resultado foi injusto, pois se de um lado o CSA não foi um time brilhante, do outro o Fortaleza foi uma equipe praticamente apagada, que só teve alguns lampejos no final do jogo.
Por hoje c’est fini.
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