O GOLPE FOI DURO, MAS AINDA NAO ENROLEI A BANDEIRA
- ADVÍNCULA NOBRE
- 10 de abr. de 2017
- 4 min de leitura

Anderson Uchôa - Primeiro gol pelo Fortaleza
Respeito todos os adversários do Fortaleza e de modo mui especial o Ferroviário, contudo, gostaria de afirmar sem medo de errar que, em condições normais, se o Fortaleza jogasse dez partidas contra o seu atual oponente, venceria onze. E porque defendo esta premissa? Pelo simples fato de que não foi o Ferroviário que dificultou as coisas no jogo de hoje para o Fortaleza, e sim o Fortaleza que facilitou a vida do seu adversário.
Fez um a zero e até diria que num gol fortuito, vez foi fruto de um chute de fora da área, mérito para o Anderson Uchoa, mas só no primeiro tempo, e com o mesmo jogador, o Rodrigo Andrade, perdeu três oportunidades claras para ampliar o marcadoe, entretanto em todos esses lances faltou massa encefálica e até o senso de coletivismo no citado jogador, que bastaria ter tocado a bola de lado, para que fizesse jus ao reconhecimento dos companheiros e passasse a contar com a admiração da Nação Tricolor.
Em todas as bolas nem chutou em gol e nem passou para os companheiros melhor colocados, a exemplo do Zé Carlos, que se recebesse em boas condições, inapelavelmente faria os gols e correria para o abraço. Na terceira bola, recebida em condições excepcionais o Rodrigo Andrade prendeu por demais a bola, dando tempo a que a defesa do Ferroviário se recompusesse.
No segundo tempo, o Felipe cruzou uma bola da direita, que não foi alcançada pelo Zé Carlos, sobrando para o para o Gabriel Pereira, que se jogou sobre ela, perdendo mais uma grande chance de expandir o marcador. Diante de tantos gols perdidos, me vem à mente a frase famosa do Muricy Ramalho que em situação semelhante vivenciada no São Paulo falou que “a bola pune”. Cabe então indagar, e por que a bola nos puniu?
Em primeiro lugar há que se dizer que o Fortaleza fez um a zero e se portou como alguém que está goleando, tendo em vista que abdicou do ataque, colocando todo o time atrás da linha da bola e isolando o Zé Carlos, sozinho no ataque e ensejando a oportunidade para que a defesa do Ferroviário, sem ter a quem marcar, três contra um, reinasse absoluta.
Fui um dos que aplaudiu a entrada do Gabriel Pereira, na vaga do Wesley, muito lento e individualista, por raciocinar que entraria na esquerda para fazer as jogadas de contra-ataques, em velocidade, pegando a defesa do Ferroviário de calças curtas. Qual nada! Foi apenas mais um marcador, para deixar bem patente o erro estratégico do Marquinhos, que recuou excessivamente o time, confirmando a nossa tese de que não foi o Ferroviário que empatou o jogo, mas o Fortaleza que deu margem para que o empate viesse a ocorrer.
Somos otimistas, conforme nos dizia na vinda do estádio, o Valdo, um sócio tricolor, que mora na Rua José do Patrocínio, no Montese, ou seja no meu bairro e que muito me honra como leitor dessas mal traçadas linhas, de modo que ainda acredito no Fortaleza, mas que temos que nos curvar à ideia de que o time, infelizmente não consegue passar confiança para a torcida, donde se depreende que teremos dez dias muito difíceis e complicados, em que ficaremos expostos a um fogo cruzado, tanto do fogo amigo, quanto fogo do inimigo.
Analisando um pouco o jogo, temos que o Fortaleza foi muito superior ao Ferroviário, que mercê do futebol praticado hoje, não ganharia nem do Itapipoca. O Fortaleza é que deixou de ir para cima de forma mais incisiva, valorizando muito um adversário que, a bem da verdade, excetuando uma cobrança de falta em que o Boeck fez uma grande defesa, espalmando para corner, não criou nenhuma jogada que colocasse o nosso goleiro em dificuldades.
Infelizmente o nosso pecado continua o mesmo e para o qual me parece não há solução aparente a curto prazo, vez que nos falta um meia que coloque a bola no chão e dê mais personalidade ao meio campo. Vimos no jogo de hoje que, por falta desse jogador, constantemente as bolas que já estavam no nosso ataque, eram recuadas para a zaga e daí para o goleiro. Quando isso acontece o time anda para trás e o adversário pula uma fogueira, porque se safa de ser agredido.
Não há centroavante que consiga marcar gols se não tem jogadores competentes para fazer a bola lhe chegar redonda. Por outro lado a nossa defesa continua claudicante. Na primeira partida perdeu todos os lances em velocidade e nessa, quando tudo parecia bem, o Max falha de forma grotesca. Preocupante.
Não entrego ainda os pontos. Sei que tudo ficou mais difícil, porque temos que vencer a próxima para levar a decisão para os pênaltis. Impossível? Não, até porque o nosso adversário é um time comum. O que temos que fazer é jogar com mais objetividade e matar o jogo, evidentemente que consertando os pontos de estrangulamento. Fomos penalizados hoje, porque perdemos muitos gols e não procuramos de forma efetiva fazer o resultado.
Tenho visto, desde 1959, quando comecei a frequentar os estádios, inicialmente na “Hora do Pobre”, porque sou de uma família pobre e só passei a ter condições de pagar entrada quando comecei a trabalhar, o Fortaleza fazer coisas maiores do que as suas forças, são muitos exemplos, mas o título de 2.000, conquistado em cima do nosso rival que, à época era detentor de um grande poderio econômico, é um dos maiores.
Por essa e por outras razões ainda não perdi as esperanças, ainda acredito no nosso potencial, entretanto, rezar não faz mal, porque faz bem à alma e ao coração, pois está escrito que se tivermos fé faremos coisas grandiosas e é dessa fé inquebrantável que o nosso time precisa. Na quarta-feira, dia 19, se assim Deus me permitir, estarei no Castelão contribuindo e incentivando o nosso time, até porque quem morre de véspera é peru. O Fortaleza costuma fazer das fraquezas forças e desta feita não será diferente. Acreditarei nisso até o fim.
Por hoje c’est fini.
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