VITORIA SUADA E SOB CLIMA DE TENSÃO
- Advíncuila Nobre
- 13 de fev. de 2017
- 5 min de leitura

Zé do Gol - O salvador da pátria
Eu vinha afirmando no programa Fala Leão e nesse espaço que só me pronunciaria acerca do Hemerson Maria quando o mesmo completasse dez jogos à frente do Fortaleza o que, efetivamente ocorreu ontem, isto porque diante desse número de partidas acredito já seja possível fazer uma avaliação com maior isenção de ânimos e mais próxima da realidade dos fatos.
São dez jogos. Seis pelo Campeonato Cearense, em que o clube somou onze pontos, encontrando-se na terceira colocação, mesma pontuação do segundo, o Guarani de Juazeiro, para quem perde pelo critério de saldo de gols, seis contra cinco. Nesses seis jogos o Fortaleza marcou oito gols e sofreu três, apresentando um saldo positivo de cinco gols. Apresenta a média de 1,3 assinalado por jogo e de 0,5 gols sofridos, ostentando um percentual de desempenho de 61%.
Em outra competição do ano em curso, Taça dos campeões, enfrentou o Guarani de Juazeiro, em jogo único e venceu por 1 x 0, ficando com a Taça. Apresenta, obviamente um desempenho de 100% e a média de um gol assinalado por partida e zero gol sofrido, com o saldo de um gol. Esse desempenho está contribuindo para elevar o desempenho total do time, quando somamos os resultados de todas as competições.
Na terceira competição, tida como de maior nível técnico e numa chave que tem Bahia, Moto Clube e Altos o Tricolor, em três partidas, venceu uma, a de ontem sobre o Moto, por 1 x 0 e empatou duas, Bahia em casa em zero a zero e Altos fora por 1 x 1. Em nove pontos possíveis somo cinco pontos, apresentando um percentual de desempenho de 55%, que tem contribuído para essa aversão do torcedor ao treinador.
Na copa do Nordeste o time assinalou quatro gols em três partidas, apresentando um índice de 1,3 gols por jogo e sofreu três, ostentando um índice de 1,0 gol por partida. Na Copa do Nordeste temos assim o pior desempenho da defesa, que foi agravado pelos dois gols sofridos na partida contra o Moto, vencida pelo placar apertado de 3 x 2 e numa espécie de milagre, que tem o nome de Zé do Gol.
Quando juntamos todas as competições verificamos que o Fortaleza fez dez jogos, ou trinta pontos possíveis, tendo conquistado dezenove, apresentando um percentual de desempenho de 63,33%. Assinalou nesses dez jogos, treze gols, índice de 1,3 gols por partida e sofreu seis, índice de 0,6 gols por jogo.
Cotejando o desempenho do Fortaleza, na Copa do Nordeste, com o do Santa Cruz, campeão de 2016, temos que o time pernambucano somou 24o pontos em 12 jogos, apresentando um percentual de eficiência de 2 pontos por jogo, o do Fortaleza é de 1,9 e tendo um desempenho de 66,66%, enquanto o do Tricolor é de 55%. O índice de gols marcados é de 1,5 por jogo, contra 1,3 do Fortaleza e o índice de gols sofridos é de 0,5 por partida, contra 1,0 do Fortaleza.
Esses números oriundos da principal competição do semestre demonstram claramente que o Fortaleza precisa evoluir muito, pois o seu desempenho em pontos está muito aquém daquele próprio de um campeão, pois historicamente o desempenho dos campeões tem sido em torno de 65%.
Isto posto vamos analisar o jogo de ontem para dizer que o Fortaleza venceu no sufoco, um partida cujo resultado poderia ter sido mais tranquilo se o time não tivesse, para começo de assunto, desperdiçado duas grandes oportunidades para consolidar o marcador no início da partida. Para complicar mais ainda a vida do clube, e do próprio treinador, a defesa, que era o ponto alto do time. Passou a falhar bisonhamente na partida de ontem.
No primeiro gol o Ligger falhou feio ao deixar o centroavante do time motense, o Vinicius Paquetá, que é muito lutador e deu muito trabalho ao sistema defensivo tricolor, se antecipar e cabecear livre, na pequena área, sem que o Boeck nada pudesse fazer, pois a cabeçada foi a queima-roupa. Assim mesmo o nosso bom goleiro quase conseguia a defesa.
A falha no segundo gol foi ainda mais clamorosa, pois o Jefferson que, praticamente tinha o domínio da bola, em que tentou cabecear, perdeu o seu domínio, a qual sobrou livre para o atacante Tony Galego fuzilar o Boeck, que mais uma vez foi pego desprevenido e no contrapé, pois já se preparava para tentar a defesa.
O ataque tricolor, que vinha sem funcionar, outem foi eficiente, isto porque o Leandro Lima teve um desempenho melhor, aproximando-se mais dos atacantes, razão por que assinalou três gols, que é a segunda melhor marca do Fortaleza no ano. Nesses gols inclui-se o tento salvador do Zé do Gol, que surpreendendo a todos, inclusive ao goleiro adversário, chutou de longe e com precisão, para salvar o Fortaleza, praticamente da degola antecipada na competição.
Ressalte-se que o treinador Hemerson Maria foi bastante hostilizado durante a partida, agraciado com o nome de “burro” e com o coro “queremos treinador” e será que o torcedor tem razão? Os números mostram que está arrazoado em parte, pois a produtividade do time não é exatamente a de um campeão.
O segundo motivo, é que em dez jogos o time não tem um padrão de jogo e embora tenha melhorado ontem, em termos de municiamento do ataque, atua muito recuado e não tem um sistema de marcação que possa ser considerado constante e bem arquitetado, que já possa ser considerado automatizado. A situação do Hemerson se agravou em função do Moto ter aberto o marcador, quando o Fortaleza estava melhor e pelo fato do time ter recuado excessivamente quanto fez dois a um.
Para complicar foi muito vaiado quando das substituições, pois o torcedor queria um time mais solto e mais ofensivo e o treinador, não abrindo não da sua filosofia, continuou excessivamente cauteloso. A gota d’água ficou por conta da substituição do Gabriel Pereira, que era o atacante de maior lucidez. Todos esperavam que o treinador sacasse um volante.
A entrada do Bruno Melo, também muito criticada, no meu ponto de vista foi acertada, haja vista que os laterais estavam muito presos e o clube, então com dois atacantes de área em campo, não contava com bolas alçadas na área.
A outra crítica ficou por conta da substituição do Lucio Flávio pelo Vinicius Baiano, quando o treinador queimou uma substituição, tentando consertar o erro cometido, quando sacou o Gabriel Pereira. O Hemerson tem sido muito criticado nas substituições e pelo fato de vir sendo considerado “retranqueiro”, ou seja, por se preocupar excessivamente em marcar, para somente depois pensar em fazer gols.
A minha crítica é simples: O Fortaleza não tem padrão tático, a começar pela falta da chamada “marcação alta”, termo muito em voga no momento. Qualquer treinador começa a marcação logo na intermediária do adversário, a nossa, quando existe, o que é raro, é feita a partir do no meio de campo, ou do nosso sistema de defesa.
O posicionamento do clube também deixa a desejar, pois até mesmo quando se prepara para atacar os seus atacantes se colocam no meio de campo, quando o correto seria se posicionar na intermediária do adversário.
Por outro lado inexistem aquelas linhas de marcação, visíveis a olho nu em qualquer equipe, a exemplo das apresentadas pelo Moto.. Sabemos que o Fortaleza está eternamente em formação, mas 70% por cento desses jogadores vêm atuando em todas as partidas, o que seria de se esperar que tivessem pelo menos mais entrosamento. O pior de tudo isso é o clima beligerante da torcida com relação ao treinador, que é preocupante.
Por hoje c’est fini.
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