ENTENDA O NOSSO CAMPEONATO DE CADA DIA
- Advíncula Niobre
- 8 de fev. de 2017
- 3 min de leitura

O nosso campeonato vem sendo duramente criticado há alguns anos mui especialmente por parte da imprensa que prega a sua extinção. Discordo frontalmente, pois em isso acontecendo, somente os maiores clubes sobreviverão ficando decretada assim a morte dos pequenos clubes, que não reúnem condições técnicas e financeiras para participarem das competições nacionais.
Há que ser reconhecido também que uma boa leva de craques são revelados por esses clubes que, em termos de manutenção e sustentação do nosso futebol, desempenham papel relevante. Dado a escassez de craques os grandes times do futebol brasileiro vêm se abastecendo nos clubes pequenos. Poderia citar muitos, mas lembro o Felipe no Fortaleza e o Tchê Tchê no Palmeiras. Matar os campeonatos é matar a raiz do nosso futebol.
Alegam os adversários dos regionais que são competições deficitárias e sem a menor importância e mais uma vez sou parte discordante, tendo em vista que são qualificativos para as competições nacionais.
A nível de futebol cearense o campeonato classifica o campeão e o vice para as copas do Nordeste e do Brasil. Classifica também dois clubes melhores classificados, excetuando-se Fortaleza e Ceará, com vagas garantidas nas Series C e B, para a Serie D e se algum clube da Série D ascender a Série C, o terceiro melhor classificado ganha a vaga para a Serie D. Ver-se, portanto, que os campeonatos regionais são por demais importantes, vez que além dessa qualificação, ainda contribuem para que haja uma rivalidade saudável no futebol brasileiro.
Com relação a ser deficitário não contestamos, entretanto, o campeonato paulista era deficitário, mas a Federação foi à luta e transformou a competição na mais rentável do país. Temos que seguir esse exemplo e, para tanto a Federação tem que investir maciçamente na competição, através dos seus departamentos Comercial e de Marketing, pois o que ocorre é que o nosso melhor produto esportivo não está sendo devidamente explorado e valorizado.
Por falar em campeonato, temos recebidos diversos telefonemas e abordagens acerca do seu regulamento, cuja percepção está sendo um tanto quanto difícil para os desportistas, exatamente pela diferença de critérios nas suas fases. Para muitos essa mistura de mata-matas com play-offs não está sendo bem digerida. Vamos tentar explicar melhor.
A primeira fase, disputada por dez clubes, continua com sistema de disputa muito semelhante ao do ano passado, vez que todas as equipes jogam entre si. Diferencia-se dos certames anteriores por ter somente jogos de ida, tendo sido, obviamente, eliminados os jogos de volta. Nessa fase classificam-se oito clubes para a fase seguinte e dois são rebaixados para a Série B.
Na segunda fase, denominada de Quartas de Final, os oito clubes se enfrentarão em sistema eliminatório, ou de mata-mata, em que o primeiro colocado na primeira fase enfrentará o oitavo; o segundo o sétimo; o terceiro o sexto e o quarto enfrentará o quinto. O mando de campo da segunda partida será do melhor colocado na primeira fase e em caso de empate em todos os critérios a decisão dar-se-á por pênaltis.
Os quatro classificados nas quartas de Final vão para as semifinais e, nesse caso, o sistema de disputa muda da água para o vinho, pois a classificação acontecerá após uma melhor de três partidas, com o mando de campo no segundo e terceiro jogo, pertencendo ao clube melhor colocado nas fases anteriores e se uma equipe vencer as duas partidas não haverá necessidade da terceira. Em caso de empate a decisão dar-se-á através dos pênaltis.
Na final teremos também uma melhor de três partidas, ou continuarão os play-offs, se quisermos americanizar, sendo o campeão a equipe que atingir os seis pontos, de modo que se isso acontecer, a exemplo da fase anterior, a decisão irá para os pênaltis. Uma pequena e sutil mudança é que o mando de campo na segunda partida pertencerá ao clube que tiver melhor campanha somando-se a primeira fase e as quartas de final, ficando as semifinais excluídas dos critérios de desempate.
Na esperança de ter contribuído para o entendimento do REC do nosso tão espezinhado campeonato, que alguns chamam de “canela fina” e assim por diante, afiançamos que, embora respeitemos opiniões contrárias, não podemos jogar às traças um certame quase centenário que, se não fosse importante, inclusive para o Ranking Nacional, o nosso rival não estaria brigando por um penta inexistente no tapetão, além de outros certames que ganhou a bico de pena, a exemplo do campeonato de 1992.
A conclusão a que chegamos é que temos que ser mais bairristas, temos que ser como a coruja, que não só na fábula, mas na vida real, acha que os seus filhos são os mais bonitos. Depreciar o nosso campeonato não é uma posição que se possa aceitar, principalmente por parte daqueles que juram de mãos postas e de forma contrita que amam o futebol cearense. Amor estranho esse.
Por hoje c’est fini
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