COPA DO BRASIL OU SÉRIE C, EIS A QUESTÃO!
- Advíncula Nobre
- 17 de ago. de 2016
- 4 min de leitura

O Fortaleza está em duas competições e são poucos os clubes do Brasil que têm esse privilégio no momento, a não ser aqueles que similarmente ao Fortaleza avançaram por méritos técnicos e os que saltaram de paraquedas na competição, após fracasso na Libertadores. Infelizmente no futebol brasileiro é assim, tem sempre uma casta protegida, distinguida das demais e blindada, que está sempre no topo, mesmo que não tenha predicados para tal, uma atitude politicamente incorreta, também chamada de protecionismo..
Aliás, a politica de privilegiar e distinguir os grandes está mais para cartel do que para protecionismo, que geralmente é um benefício utilizado para proteger os menos favorecidos e as minorias. Assim caminha o futebol brasileiro em que os grandes demarcam o seu território, no qual são poucos os que adentram e quando isso acontece chama de zebra ou de resultado inusitado. Não tenho dúvidas de que se nesse torneio, que deveria ser o mais democrático do pais, todos tivessem as mesmas oportunidades o nosso futebol estaria nivelado por cima e em outro patamar.
Digo tudo isso para deixar patente a importância da Copa do Brasil, que traz benefícios em termos de ranking, além de vantagens financeiras adicionais, à medida que o clube avança, dinheiro importantíssimo para cobrir as despesas, especialmente em ano de vacas magras, em que as arrecadações vem sendo minguadas e que o Fortaleza encontra muitas dificuldades para arcar com as suas responsabilidades financeiras.
Em se tratando de ranking, o Fortaleza que se situava entre os vinte, depois que caiu para a Série C, e que deixou de fazer boas campanhas nos torneiros de caráter nacional, despencou para a quadragésima segunda posição, ficando atrás de clubes inexpressivos, que nem torcida têm. Fica claro de forma insofismável que o Tricolor, para voltar a ocupar o seu lugar no ranking tem que sair da Série C e avançar na Copa do Brasil sendo, portanto as duas competições de suma importância, razão por que administrar essa situação é preciso.
O Fortaleza já eliminou dois clubes da Série A, Flamengo e América Mineiro e se vier a eliminar o terceiro, e mais um campeão brasileiro, certamente dará um passo gigantesco em termos de ranking, mas por outro lado, se não voltar Série B, continuará estagnado e perdendo posições. E qual seria o remédio para tal situação? O ideal é que o clube tivesse um elenco à altura, que lhe permitisse participar das duas competições sem que viesse a sofrer baixas e prejuízos, mas infelizmente, em razão de dificuldades orçamentárias não o tem.
O que fazer então? Entregar o jogo de mão beijada ao Internacional e exatamente para o clube, cuja torcida e imprensa, parte dela evidentemente, está nos destratando e nos chamando de time pequeno. Esse é o dilema e no em que pese a Série B ser o nosso objetivo primeiro, no meu ponto de vista temos que continuar participando da Copa do Brasil com dignidade, com ímpeto e com vontade de vencer. Acho sinceramente que há uma vaguinha para as duas competições.
Voltamos à Série C para dizer que passado a decepção da derrota e a natural fase de pessimismo, vamos respirar fundo e buscar um pouco de luz no fim do túnel, uma vez que a situação ainda não é tão desesperadora quanto pintam e apregoam. O Fortaleza é o segundo do grupo e na nossa opinião não podemos começar a chorar, desde agora e lamentar um possível tropeço, numa rodada que ainda vai começar, e somente no próximo sábado.
Até lá o primeiro passo será arrumar a casa, que anda um pouco desordenada, preparando-se mental, física, técnica e espiritualmente para enfrentar um adversário duríssimo, o ABC, que é forte, mas que não é imbatível. Se nas história da humanidade prevalecesse o determinismo e o pessimismo Davi não teria enfrentado Golias, que era mais forte, e nem Júlio César teria atravessado o Rubicão.
É verdade que o ABC, enquanto mandante, ostenta a quinta melhor campanha, com 14 pontos conquistados, relativos a 4 vitória, 2 empates e nenhuma derrota. Trata-se de uma equipe que está invicta nos seus domínios e que no grupo empata com o ASA, outro que ainda não sofreu o amargor da derrota em sua casa e também futuro adversário do Tricolor.
Todos estão temerosos porque na próxima rodada os cinco clubes que concorrem com o Fortaleza no G-4 estarão em situação das mais confortáveis. ABC, Remo e Salgueiro jogam em casa e o Botafogo sai para enfrentar o River, o lanterna do grupo.
Ocorre que o futebol não é uma ciência exata, que nos leve a garantir de antemão, que todas as previsões se concretizarão, de modo que o Fortaleza, inapelavelmente já esteja fora do G-4, na próxima rodada. Não é bem assim.
Primeiro temos um clássico nordestino, ASA e o América, time que vem subindo de produção e que lutará bravamente para aproximar do G-4, uma possibilidade plausível e palpável. Um empate nesse jogo não está fora de cogitação.
Outro jogo de risco é o do Botafogo contra o River, visto que o time piauiense precisa vencer o seu adversário para chegar aos quatorze pontos e torcer por tropeços de Cuiabá e Confiança para deixar a zona de rebaixamento e isso só ocorrerá se fizer a sua parte. Cuiabá e Confiança têm dois jogos difíceis e fora de casa conta Salgueiro e Remo, respectivamente. Por essas razões esse será o jogo da vida do River e o mais importante da temporada
Por outro lado, não podemos esquecer esse fato, o Fortaleza, mesmo jogando fora de casa e contra um adversário qualificado, só depende de si próprio para continuar no G-4. A situação estaria pior se dependesse dos outros e de uma combinação de resultados.
Então caros tricolores, a situação é difícil, mas não é alarmante e nem desanimadora. Basta que o Fortaleza volte a praticar o futebol que o fez conquistar grandes vitórias, a exemplo do triunfo contra o América Mineiro, ou contra o América (RN), a quem venceu por 3 x 0 em Natal.
A situação de momento, e é nesta contingência que devemos nos basear, é que o Fortaleza ainda se encontra no G-4 e depende apenas das próprias pernas para continuar no grupo de classificação e como temos a certeza de que não desaprendeu o ofício de jogar, tem tudo para fazer uma grande partida em Natal. Confiemos.
Por hoje c’est fini.
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