DETERMINADAS CRÍTICAS SÃO PIORES DO QUE NAVALHA
- Advíncula Nobre
- 4 de jun. de 2016
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Eu havia dito nesses espaço, considerando a determinação do Ministério Público de Pernambuco que extinguiu as suas torcidas organizadas, que essa era uma tendência nacional e que em breve seria adotada no nosso estado, vaticínio que efetivamente se confirmou na data de ontem, em que foram extinguidas a TUF, a JGT e a Cearamor, numa decisão, no meu ponto de vista carente de reparos, porque se era para extinguir, que fossem extintas todas as torcidas e não apenas algumas, o que transforma a medida em injusta, vez que apenas algumas torcidas foram penalizadas.
A medida adotada em Pernambuco foi abrangente, vez que extinguiu todas as torcidas organizadas, não abrindo espaços para protestos, ou para recorrências, tendo em vista que foi ampla e abrangente. Nas redes sociais vejo que a medida está sendo vista, de certa forma, como inócua uma vez que, consoante os que assim pensam, as torcidas mudam de nome, e citam como exemplo a do Palmeiras que de Mancha Verde se transformou em Mancha Alviverde, e seguem em frente. Tudo bem, mas algo precisava ser feito.
Não somos contra a qualquer organização, o que não se pode conceber, por exemplo, é que um clube como o Fortaleza perca mais de dez mandos de campo por ano, já tendo punição para o ano que vem e seja submetido a um prejuízo financeiro, seguramente, não inferior a R$. 2.000.000,00. Tem que ser dado um basta. Pode ser que depois dessa decisão as torcidas resolva cumprir a lei, fazendo uma assepsia nos seus componentes visando retirar as laranjas podres. Oxalá!
A imprensa furta-cor vem fazendo uma grande campanha contra a Diretoria Tricolor e sem muita razão, isto porque qualquer torcedor sabe de cor e salteado que o atual staff diretivo vem trabalhando duro para colocar o clube nos trilhos, trabalho que, efetivamente, e temos que reconhecer para sermos justos, começou com o Osmar Baquit e o Daniel Frota, que herdaram, entre outros problemas, 42 ações trabalhistas, fruto de uma grande crise financeira e administrativa que vinha sendo experimentada pelo Fortaleza em anos anteriores.
Avaliamos que essa campanha de distratar e de tentar desqualificar o staff diretivo tricolor e de desfazer de alguns diretores, com frases chulas não é uma postura boa companheira, principalmente, partindo de quantos se dizem tricolores, afirmam que têm décadas de janela na defesa dos interesses do clube, mas que na prática, como se diz popularmente, “a teoria é outra”.
Até prova em contrário avaliamos que todos os diretores do Fortaleza são competentes e até acreditamos que possam ter dirigentes que, eventualmente “comam bolacha a seco”, como apregoa o segmento do chamado “fogo amigo”, mas todos eles, ricos ou pobres, têm em comum o desmedido amor pelo Fortaleza, a honestidade de propósitos e a disposição inquestionável de prestar, de forma generosa e desinteressada, serviços ao clube do coração.
Evidentemente que respeitamos pontos de vistas contrários, mas não podemos comungar com essa corrente de pensamento que demonstra publicamente não nutrir o menor respeito pelas pessoas, a qual avalia a capacidade dos outros pelo recheio da carteira de cédulas ou pelos números da conta bancária, esquecendo-se que os homens mais inteligentes, que fizeram a história da humanidade não nasceram em berço de ouro. Estamos falando de pessoas que não olham o próprio umbigo. Se olhassem veriam que, de uma forma ou de outra, sobrevivem usando o nome do Fortaleza.
Não sou contra que o Fortaleza, adotando uma política de valorização do rádio, que é um meio de comunicação quase centenário e que tem livre penetração em todas as camadas sociais, incentive os programas e os profissionais que divulgam o seu dia-a-dia e que elevam o seu nome, prestando ainda serviços relevantes de informação à torcida.
Avalio que incentivar esses programas seria de justiça e de bom alvitre, até porque as redes sociais podem ter longo alcance, mas não colocam frente à frente o emissor e o receptor, ou seja, os interlocutores, pecando pela falta de uma interatividade mais efetiva e afetiva, vez que são inertes, faltando-lhes a voz que transmitem emoção e que vem, por vezes da razão e por vezes do coração, pois ao contrário do rádio e da televisão, lhes faltam sentimento e lhes faltando sentimentos lhes faltam alma.
Defendemos, entretanto, o diálogo e não a pressão como caminho seguro para chegarmos a bons termos. Nesse aspecto o Fortaleza vem fazendo o contrário do rival, que tem um relacionamento muito bom com imprensa que lhe presta serviço e é isso que achamos que deve ser feito no Tricolor, de forma profissional, em que os profissionais ligados ao clube tenham direitos e deveres e que até possam criticar, mas que o façam de forma comedida e ética.
Apostando nesse princípio é que estamos cotidianamente divulgando o nome do Fortaleza e, com certeza, se o nosso trabalho ainda não o foi, haverá de ser reconhecido. Mesmo achando que há a necessidade da diretoria rever a sua política relativa às relações com a sua imprensa, continuamos sem nos afastar um milímetro da nossa linha de conduta que, ao invés de soltar rastilhos de pólvora, busca apagar incêndios.
Já dizia Gandhi que o “homem arruína mais as coisas com as palavras do que com o silêncio”. Temos consciência de que a palavra corta e fere mais do que uma navalha e por isso todos os dias praticamos o exercício de tentar aprender a utilizá-las de um forma mais racional, que consiste em saber dosar a razão e a emoção, para que não venham a ser motivo de ruina. Esse é o nosso escopo.
Efemérides – Em 4 de junho de 1922 – Fortaleza 6 x 3 Ceará, pelo Campeonato Cearense.
Por hoje c’est fini.
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