VITÓRIA PRA NINGUÉM BOTAR DEFEITO
- Advíncula Nobre
- 19 de mai. de 2016
- 4 min de leitura

O Fortaleza venceu pela segunda vez o Flamengo e pelo mesmo placar. Se a primeira vitória foi vista com certa desconfiança, por alguns mais céticos e que ainda não atentaram para o fato de que o tricolor, indubitavelmente, se encontra num processo de evolução técnica, desta feita o triunfo foi insofismável e me parece não haver contestação, nem por parte daqueles que não são muito simpáticos ao Tricolor que, na data de hoje se desmancharam em elogios.
No primeiro jogo, e a comparação é inevitável o Tricolor, marcou relativamente bem, mas deu muitos espaços ao adversário, tanto é que esse recuo permitiu ao Flamengo empatar a partida. Por outro lado, naquele jogo o Fortaleza como se ainda não fosse senhor das suas potencialidades não se dispôs a agredir o adversário como deveria, posto que, se tivesse acreditado um pouquinho mais, com certeza, teria conseguido um placar mais dilatado.
No jogo de ontem vimos um Fortaleza, que adotou a mesma estratégia de chamar o Flamengo para o seu campo, para sair nos contra-ataques, mas escudado num sistema de marcação praticamente sem reparos, haja vista que deixou o Flamengo livre para jogar, mas não o deixou à vontade para consumar e chegar a bom termo nessas jogadas.
Na verdade a impressão é que se tinha que no jogo de ontem aconteceu o milagre de multiplicação de jogadores, posto que, quando um jogador flamenguista pegava na bola, tinha um no combate, um na retaguarda lhe dando apoio e outro na cobertura. Tenho impressão de que diante desse sistema defensivo bem arquitetado o Flamengo achou que ao invés de dez na linha, estava enfrentando trinta, tamanha a eficiência do Tricolor.
O mais importante de tudo isso é que o Fortaleza jogou fechado, foi um time harmônico e muito solidário, colocou os seus jogadores atrás da linha da bolas, mas em momento algum foi um time retrancado, pelo contrário, criou três corredores de ataque, um por cada um dos lados e outro pelo meio.
Na esquerda a válvula de escape era sempre o Everton. No lado direito o Felipe com o Pio e pelo meio, ora com o Dudu Cearense e ora com o Jean Mota e, mesmo não tendo muitas oportunidades para desenvolver essa estratégia, nas poucas vezes que conseguiu emprega-la, foi muito eficaz, consignando os dois gols e por bem pouco não fez o terceiro, numa jogada do Jean Mota pelo meio.
O Fortaleza ganhou categoricamente pelo fato de ter dominado o meio de campo do Flamengo, vez que tanto o Arão, quanto o Mancuello, acho que a escrita é essa, não tiveram fôlego para suportar o bom desempenho do meio de campo tricolor, tanto ofensiva como defensivamente e, praticamente apenas esses dois jogadores se destacaram no meio de campo flamenguista.
O Flamengo, de um jogo para o outro em nada mudou sendo muito previsível. Tem duas saídas de bola, com os laterais que, via de regra estão cruzando para a pequena área, encontrando. porém, a nossa defesa muito segura, pois tanto o Edimar jogou bem e vem crescendo a cada partida, como o Lima foi um gigante. No ataque o Anselmo isolado pouco pode fazer, temos que ressaltar, o seu espírito de luta.
No que pese o Flamengo ter maior posse de bola, o Berna, efetivamente fez no máximo quatro defesas, duas delas de suma importância e que contribuíram para que o Flamengo fizesse apenas um gol. Acho que deu um branco apenas na falta que originou o tentou do Flamengo, uma bola defensável, cuja trajetória o enganou. No mais uma bela partida.
Os laterais estiveram bem, contudo o Willian Simões, como sempre, fica muito preso na marcação, enquanto o Felipe, além de marcar muito bem, é muito eficiente no apoio. Foi seu o passe primoroso para o Pio fazer o segundo gol, que tirou de vez as esperanças do Flamengo. Indiscutivelmente o Felipe é um belo jogador.
Sobre o miolo de zaga já falamos, que esteve impecável, tanto é que foram poucos os lances em que o ataque do Flamengo levou vantagem e quando isso aconteceu, não aconteceram muitos problemas para o Tricolor. O que temos que ressaltar é a recuperação da defesa, pois todos se recordam que no início do ano não podia ver uma bola aérea. Ponto para o Marquinhos que parece ter encontrado o posicionamento correto.
O meio de campo marcou excepcionalmente bem, foi muito bem articulado taticamente, diria que de uma obediência tática dantes nunca vista, tanto no desarme quando na saída rápida que, embora esporádica sempre levou perigo para o Flamengo. Todos estiveram no mesmo nível e se tivermos de destacar um, ficaria com o Everton.
O meu destaque para o Everton é exatamente pela construção da jogada do primeiro gol, haja vista que em meio a meia dúzia de flamenguistas conseguiu cruzar uma bola com um elevadíssimo grau de dificuldades, vez que tinha muita gente à sua frente, a qual sobrou para o Pio fuzilar o gol flamenguista de modo inapelável. Começava aí a consecução da nossa classificação. Uma vitória para ninguém botar defeito.
EFEMÉRIDES – Em 19 de maio de 1965, pelo Campeonato Cearense, Fortaleza 2 x 1 Calouros do Ar. Isso foi a 51 anos.
Por hoje c’est fini.
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